Avaliar melhor a exposição das populações humanas às picadas de mosquito que transmitem doenças

Uma formação proposta e financiada pelo Laboratório Misto Internacional (LMI) Sentinela permite que um laboratório da UnB utilize uma ferramenta inovadora

 

Embora os mecanismos biológicos de transmissão de doenças transmitidas por vetores como a malária e as arboviroses (incluindo a dengue, Chikungunya e vírus Zika) - transmitidas pelos mosquitos Anopheles e Aedes, respectivamente - sejam relativamente bem conhecidos, na prática, a estimativa do risco epidêmico ou da prevalência destas doenças na população humana, baseada nos conhecimentos das distribuições temporal e espacial dos vetores, permanece um desafio. De fato, a competência dos vetores para transmitir os patógenos depende das espécies de mosquitos, das condições meteorológicas e outras ambientais à exposição das pessoas às picadas. Isso variará em função das suas atividades, locais, momento de exposição durante o dia, possíveis meios de proteção utilizados, entre outros.

No entanto, desde o início dos anos 2000, foi desenvolvida uma nova ferramenta de análise biológica que é muito útil para completar o conhecimento, melhorar os modelos e sua configuração. Essa ferramenta consiste em estudar a resposta imune humana à saliva de mosquito.

É neste contexto e em relação às suas missões que o Laboratório Misto Internacional Sentinela (LMI Sentinela: http://www.lmi-sentinela.unb.br/) propôs e financiou, conjuntamente com a Universidade de Brasília, a formação nessa ferramenta inovadora de Ana Claudia Negret Porta, técnica e servidora pública do Núcleo de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (NMT/FM/UnB). Durante o mês de abril de 2019, no laboratório IRD em Montpellier, França. Ana Claudia pode se beneficiar dos ensinos teóricos e práticos da equipe IHVEC (Immunology of Human-VEctor Contact, UMR MIVEGEC), liderada por Franck Remoué,  a qual faz parte das lideranças  mundiais na área.

A curto prazo, esta formação permitirá ao NMT/FM/UnB realizar um estudo sobre a exposição das populações humanas do Distrito Federal às picadas de Aedes, com o apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal, do Conselho de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) e do Ministério da Saúde, com o objetivo de melhor compreender as condições e mecanismos subjacentes aos surtos de Dengue, Chikungunya e Zika.

De um modo geral, esta tecnologia fará do NMT/UnB um laboratório de referência para o uso dessa ferramenta no Brasil, capaz de desenvolver seu uso em um país particularmente afetado por arboviroses.

Foto : Ana Claudia Negret Porta, técnica do NMT/FM/UnB, durante a formação na Unidade MIVEGEC, Montpellier, France, em abril de 2019, no âmdito das atividades do LMI Sentinela (Fiocruz – UnB – IRD). (©Ana Claudia Negret Porta, 2019)

Para mais informações:

Sagna A, Yobo M, Elanga Ndille E, Remoue F. New Immuno-Epidemiological Biomarker of Human Exposure to Aedes Vector Bites: From Concept to Applications. Tropical Medicine and Infectious Disease. 2018;3:80. doi:10.3390/tropicalmed3030080

Elanga Ndille E, Doucoure S, Poinsignon A, Mouchet F, Cornelie S, D’Ortenzio E, Dehecq J-S, Remoué F. Human IgG Antibody Response to Aedes Nterm-34kDa Salivary Peptide, an Epidemiological Tool to Assess Vector Control in Chikungunya and Dengue Transmission Area. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2016;10:e0005109. doi:10.1371/journal.pntd.0005109

Elanga Ndille EE, Dubot-Pérès A, Doucoure S, Mouchet F, Cornelie S, Sidavong B, Fournet F, Remoué F. Human IgG antibody response to Aedes aegypti Nterm-34 kDa salivary peptide as an indicator to identify areas at high risk for dengue transmission: a retrospective study in urban settings of Vientiane city, Lao PDR. Tropical Medicine & International Health. 2014;19:576–80. doi: 10.1111/tmi.12280.

 

Agracedecimentos: UMR MIVEGEC, especificamente Franck Remoué, responsável da equipe IHVEC, Vincent Corbel, membros du LMI Sentinela, et Zamble Hubert Zamble, doutorando IHVEC

 

 

 

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Mieux évaluer l’exposition des populations humaines aux piqûres de moustiques vecteurs de maladies

Une formation proposée et financée par le Laboratoire Mixte International (LMI) Sentinela permet à un laboratoire de l’UnB de pouvoir utiliser un outil innovant

 

Si les mécanismes biologiques de la transmission des maladies vectorielles que sont le paludisme et les arboviroses (notamment la Dengue, le Chikungunya et le virus Zika) – transmises, respectivement, par les moustiques du genre Anopheles et Aedes – sont relativement bien connus, dans la pratique, estimer le risque épidémique ou la prévalence de ces maladies dans la population humaine, à partir des connaissances sur les distributions temporelles et spatiales des vecteurs, reste un défi. En effet, la compétence des vecteurs à transmettre le pathogène dépend notamment des espèces de moustiques et des conditions météorologiques, et l’exposition des humains aux piqûres varie en fonction de leurs activités, des lieux, des moments de la journée, des éventuels moyens de protection utilisés, etc.

Depuis le début des années 2000 se développe cependant un nouvel outil d’analyse biologique qui s’avère très utile pour compléter la connaissance, améliorer les modèles et leur paramétrage. Il consiste à étudier la réponse immunitaire humaine à la salive des moustiques.

C’est dans ce contexte et au regard de ses missions que le Laboratoire Mixte International Sentinela (LMI Sentinela: http://www.lmi-sentinela.unb.br/) a proposé et financé, conjointment avec l’Université de Brasília, la formation à cet outil innovant d’Ana Claudia Porta, technicienne au sein du Laboratoire de Médecine Tropicale de la Faculté de Médecine de l’Université de Brasília (NMT/UnB). Durant le mois d’avril 2019 au laboratoire IRD à Montpellier, France, Ana Claudia a ainsi pu bénéficier des enseignements théoriques et pratiques de l’équipe IHVEC (Immunology of Human-VEctor Contact, UMR MIVEGEC), dirigée par Franck Remoué et faisant partie des leaders mondiaux du domaine.

A court terme, cette formation permettra au NMT/UnB de mener une étude sur l’exposition des populations humaines du District Fédéral aux piqûres d’Aedes, avec le soutient de la Fondation d’appui à la recherche du District Fédéral (FAPDF), du Conseil national de développement scientifique et technologique (CNPq) et du Ministère de la Santé, dans le but de mieux comprendre les conditions et les mécanismes à l’origine des épidémies de Dengue, de Chikungunya et de Zika.

Plus généralement, elle contribue à faire du NMT/UnB un laboratoire de référence pour le développement de l’usage de cet outil au Brésil, un pays particulièrement touché par les arboviroses.

Photo : Ana Claudia Porta, technicienne du NMT/UnB, en formation au sein de l’UMR MIVEGEC, Montpellier, France, en avril 2019, dans le cadre des activités du LMI Sentinela (Fiocruz – UnB – IRD). (©Ana Claudia Negret Porta, 2019)

 Pour en savoir plus:

Sagna A, Yobo M, Elanga Ndille E, Remoue F. New Immuno-Epidemiological Biomarker of Human Exposure to Aedes Vector Bites: From Concept to Applications. Tropical Medicine and Infectious Disease. 2018;3:80. doi:10.3390/tropicalmed3030080

Elanga Ndille E, Doucoure S, Poinsignon A, Mouchet F, Cornelie S, D’Ortenzio E, Dehecq J-S, Remoué F. Human IgG Antibody Response to Aedes Nterm-34kDa Salivary Peptide, an Epidemiological Tool to Assess Vector Control in Chikungunya and Dengue Transmission Area. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2016;10:e0005109. doi:10.1371/journal.pntd.0005109

Elanga Ndille EE, Dubot-Pérès A, Doucoure S, Mouchet F, Cornelie S, Sidavong B, Fournet F, Remoué F. Human IgG antibody response to Aedes aegypti Nterm-34 kDa salivary peptide as an indicator to identify areas at high risk for dengue transmission: a retrospective study in urban settings of Vientiane city, Lao PDR. Tropical Medicine & International Health. 2014;19:576–80. doi:10.1111/tmi.12280.

 

Agracedecimentos: UMR MIVEGEC, especificamente Franck Remoué, responsável da equipe IHVEC, Vincent Corbel, membros du LMI Sentinela, et Zamble Hubert Zamble, doutorando IHVEC

 

 

 

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Visita técnica à Queen’s University

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Em junho de 2016, financiada pelo Edital 01/2017 da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal - FAPDF (processo no 0193.000.142/2017), a estudante de doutorado Luciana Guerra Gallo, realizou visita técnica à Queen’s University, no Canadá. A estudante faz parte do projeto ZARICS (Zika and other Arboviral Cohort Studies), conduzido pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília e pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.

A visita durou nove dias e visava o aprimoramento da equipe brasileira quanto às técnicas a serem realizadas; discutir pontos fortes e estrangulamentos de coortes intergeracionais; estabelecer novas conexões e fortalecer a relação entre a equipe do ZARICS e da Queen’s University; discutir estratégias de publicação das produções científicas; e ampliar a rede de pesquisa do vírus Zika e seus efeitos intergeracionais.

Foram realizadas todas as atividades previstas no cronograma da visita (disponível no website da FAPDF), como reuniões técnicas e discussões com professores e estudantes, além destas outras atividades não previamente agendadas. As reuniões não previstas se deram devido ao interesse da equipe da Queen’s University com o escopo do projeto.

Os principais objetivos da Visita Técnica foram alcançados. As reuniões foram proveitosas com discussões técnicas aprofundadas e  encaminhamentos para parcerias futuras. Destacamos o resultado de algumas reuniões:

  1. Com a Dra. Maria del Pilar Velez, médica ginecologista, especialista em epidemiologia e fertilidade, e professora da Queen’s University. As discussões foram proveitosas e fizeram surgir novas ideias de pesquisa a serem realizadas e publicadas em colaboração entre as UnB e a Queen’s University, ampliando e estreitando a rede de pesquisa do vírus Zika e seus efeitos intergeracionais;
  2. Com a Diretoria do Departamento de Ciências da Saúde Pública (Public Health Sciences) da Queen’s University, Dra. Kristan Arison e Dra. Patti Groome, especialistas em epidemiologia e bioestatística. Em tais encontros foram discutidos os métodos de pesquisa usados pelo ZARICS, contribuições científicas que o projeto pode trazer para a saúde pública, alguns estrangulamentos encontrados nas pesquisas realizadas no Canadá e no Brasil e possíveis colaborações entre o Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília, e o Departamento de Ciências de Saúde Pública da Queen’s University, como o intercâmbio de estudantes para realizações de cursos e disciplinas;Universidade
  • Com o Gabriel Abad, designer gráfico, assistente de pesquisa da Maternal-Infant Research on Environmental Chemicals (The MIREC Study) e do Hospital Hotel Dieau. Após compreender a lógica do projeto e dar algumas opiniões interessantes para os procedimentos operacionais a serem realizados pelo estudo brasileiro, o Gabriel desenhou as logomarcas do ZARICS.

Pessoalmente, esta visita foi importante para a formação da estudante, ampliando suas percepções sobre as dificuldades comuns no campo da pesquisa, em distintas realidades (sociais, culturais, econômicas) e fortalecendo sua capacidade analítica quanto aos métodos epidemiológicos e estatísticos.

Quanto aos benefícios da visita para a Sociedade Brasileira, em especial do Distrito Federal, os contatos e conexões com os pesquisadores canadenses podem auxiliar na  incorporar conhecimentos para o ZARICS e futuramente colaborar na elucidação de importantes hipóteses que estamos estudando.